Universidade Federal do Ceará
Especialização em Atendimento Educacional
Especializado
Cursista: Gecy Lima de Souza
Disciplina: DMU e SURDOCEGUEIRA
Data: 30/03/2014
Atividade 02
Blog
A PESSOA COM SURDOCEGUEIRA
A pessoa
com surdocegueira apresenta ao mesmo tempo perda da audição e da visão; contudo
esta não pode ser considerada como deficiência múltipla, pois segundo McInnes (1999), a premissa básica é que
a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica
para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. A
surdocegueira pode ser congênita ou adquirida. E
dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la
em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos O referido autor subdivide
as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
·
Indivíduos
que eram cegos e se tornaram surdos;
·
Indivíduos
que eram surdos e se tornaram cegos;
·
Indivíduos
que se tornaram surdocegos;
·
Indivíduos
que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a
oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas
nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
COMUNICAÇÃO DAS
PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA
Segundo GIACOMINI cada pessoa surdocega dispõe de um sistema
de comunicação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de
referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O
importante é que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno
para que interaja diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um
guia-intérprete ou instrutor-mediador. "Guia-intérprete é aquele
profissional que serve de canal de comunicação e visão entre a pessoa surdocega
e o meio no qual ela está interagindo"
APRENDIZAGEM DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA
Indivíduos
com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o
comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato,
devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam. Por isso, as
técnicas "mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em
cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o
controle da situação] ou a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do
professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu
movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com
segurança] são importantes
estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira. McInnes
(1999).
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA
MÚLTIPLA
São consideradas pessoas com deficiência
múltipla aquelas que "têm mais de uma deficiência associada. É uma
condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando
associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o
funcionamento individual e o relacionamento social"(MEC/SEESP, 2002).
As características específicas
apresentadas pelas pessoas com deficiência múltipla lançam desafios à escola e
aos profissionais que com elas trabalham no que diz respeito à elaboração de
situações de aprendizagem a serem desenvolvidas para que sejam alcançados
resultados positivos ao longo do processo de inclusão. Esses alunos constituem
um grupo com características específicas e peculiares e, conseqüentemente, com
necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes:
a comunicação e o posicionamento.
a) Comunicação:
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem
respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência
múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a
necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim,
ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo
e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento
do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e
independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que
em diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas;
assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de
comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os
comportamentos, as manifestações ocorrem e sua freqüência, para assim compreender
melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.
b)Posicionamento: É
indispensável uma boa adequação postural. Trata-se de colocar o aluno sentado
na cadeira de rodas ou em uma cadeira comum ou, ainda, deitado de maneira
confortável em sala de aula para que possa fazer uso de gestos ou movimentos
com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades
propostas. Não se pode esquecer, por exemplo, que muitas vezes o campo visual
do aluno ou mesmo sua acuidade visual poderão influenciar os movimentos
posturais de sua cabeça, pois irá tentar buscar o melhor ângulo de visão, aproveitando
seu resíduo visual, inclinando-a ou levantando-a. Esses movimentos poderão
sugerir que a pessoas não está na melhor posição. Isso, porém, é um engano,
pois na verdade ela pode estar adequando sua postura.
APRENDIZAGEM
DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
A
pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente reativo, isto é, que
responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e a
habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas atividades programadas.
Deve-se
trabalhar num contexto de aprendizagem construtivista, ecológico e
responsivo. Por construtivo entende-se: ser construído face a face,
nas interações entre diferentes atores e nas relações interpessoais entre eles;
no processo contínuo de forma partilhada; na construção contextual, dinâmica e
evolutiva. Ecológico no sentido de: envolver os contextos naturais na
qual a pessoa se encontra e os atores que com ela interagem. E por responsiva
entende-se: dar tempo à pessoa para responder (pausar) o que aumenta as
oportunidades dela se comunicar e possibilita o tomar a vez; usa a modelação
como estratégia, explica como se faz; usa a resolução conjunta de problemas.
As
atividades devem ocorrer em contextos naturais para que a aprendizagem seja
significativa. Para que ocorra aprendizagem é preciso proporcionar experiências
em quantidade suficiente para poder aprender, pois são necessárias muitas
repetições para manter a informação na memória, e também para dar tempo da
pessoa praticar. É preciso considerar o estilo de aprendizagem de cada um
observando suas preferências e fortalezas e trabalhar em cima das habilidades
que a pessoa tem.
NECESSIDADES ESPECÍFICAS DAS
PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
O corpo é a realidade mais imediata do
ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo.
Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com
surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que a pessoa possa se auto perceber
e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio
postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em
deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora,
motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
As pessoas com surdocegueira e com
deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam
aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as
eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o
desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Referencia Bibliográfica
·
Bosco,
Ismênia Carolina Mota Gomes. A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar : surdocegueira e
deficiência múltipla / Ismênia Carolina Mota Gomes Bosco, Sandra Regina
Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues Maia. - Brasília : Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] :
Universidade Federal do Ceará, 2010.
v. 5. (Coleção A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar)
·
Giacomini,
Lília. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar :
orientação e mobilidade, adequação postural e acessibilidade espacial / Lilia Giacomini,
Mara Lúcia Sartoretto, Rita de Cássia Reckziegel Bersch. - Brasília :
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] :
Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 7. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva
da Inclusão Escolar)
- IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.