domingo, 30 de março de 2014

A PESSOA COM SURDOCEGUEIRA E DEFICIENCIA MÚLTIPLA



Universidade Federal do Ceará
Especialização em Atendimento Educacional Especializado
Cursista: Gecy Lima de Souza
Disciplina: DMU e SURDOCEGUEIRA
Data: 30/03/2014
Atividade 02 Blog

A PESSOA COM SURDOCEGUEIRA
A pessoa com surdocegueira apresenta ao mesmo tempo perda da audição e da visão; contudo esta não pode ser considerada como deficiência múltipla, pois segundo McInnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:
·         Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
·         Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
·         Indivíduos que se tornaram surdocegos;
·         Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.

COMUNICAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA

 Segundo GIACOMINI cada pessoa surdocega dispõe de um sistema de comunicação diferente, que pode ir desde o mais concreto (uso de objetos de referência) até o mais simbólico (libras tátil, escrita na palma da mão). O importante é que o profissional possa conhecer o sistema usado por seu aluno para que interaja diretamente com ele ou possa contar com a ajuda de um guia-intérprete ou instrutor-mediador. "Guia-intérprete é aquele profissional que serve de canal de comunicação e visão entre a pessoa surdocega e o meio no qual ela está interagindo"

APRENDIZAGEM DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA

 Indivíduos com surdocegueira demonstram dificuldade em observar, compreender e imitar o comportamento de membros da família ou de outros que venha entrar em contato, devido à combinação das perdas visuais e auditivas que apresentam. Por isso, as técnicas "mão-sobre-mão" [Mão sobre mão: a mão do professor é colocada em cima da mão do aluno, de forma a orientar o seu movimento, o professor tem o controle da situação] ou a "mão sob mão" [Mão sob mão: a mão do professor é colocada em baixo da mão do aluno de modo a orientar o seu movimento, mas não a controla, convida a pessoa com deficiência a explorar com segurança] são importantes estratégias de intervenção para o estabelecimento da comunicação com a criança com surdocegueira. McInnes (1999).

A PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

São consideradas pessoas com deficiência múltipla aquelas que "têm mais de uma deficiência associada. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social"(MEC/SEESP, 2002).
As características específicas apresentadas pelas pessoas com deficiência múltipla lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham no que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem desenvolvidas para que sejam alcançados resultados positivos ao longo do processo de inclusão. Esses alunos constituem um grupo com características específicas e peculiares e, conseqüentemente, com necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.
a) Comunicação: Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
Todas as pessoas se comunicam, ainda que em diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim, considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação. Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as manifestações ocorrem e sua freqüência, para assim compreender melhor o que o aluno tem a intenção de comunicar e responder.
b)Posicionamento: É indispensável uma boa adequação postural. Trata-se de colocar o aluno sentado na cadeira de rodas ou em uma cadeira comum ou, ainda, deitado de maneira confortável em sala de aula para que possa fazer uso de gestos ou movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades propostas. Não se pode esquecer, por exemplo, que muitas vezes o campo visual do aluno ou mesmo sua acuidade visual poderão influenciar os movimentos posturais de sua cabeça, pois irá tentar buscar o melhor ângulo de visão, aproveitando seu resíduo visual, inclinando-a ou levantando-a. Esses movimentos poderão sugerir que a pessoas não está na melhor posição. Isso, porém, é um engano, pois na verdade ela pode estar adequando sua postura.

APRENDIZAGEM DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
A pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente reativo, isto é, que responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas atividades programadas.
Deve-se trabalhar num contexto de aprendizagem construtivista, ecológico e responsivo. Por construtivo entende-se: ser construído face a face, nas interações entre diferentes atores e nas relações interpessoais entre eles; no processo contínuo de forma partilhada; na construção contextual, dinâmica e evolutiva. Ecológico no sentido de: envolver os contextos naturais na qual a pessoa se encontra e os atores que com ela interagem. E por responsiva entende-se: dar tempo à pessoa para responder (pausar) o que aumenta as oportunidades dela se comunicar e possibilita o tomar a vez; usa a modelação como estratégia, explica como se faz; usa a resolução conjunta de problemas.

As atividades devem ocorrer em contextos naturais para que a aprendizagem seja significativa. Para que ocorra aprendizagem é preciso proporcionar experiências em quantidade suficiente para poder aprender, pois são necessárias muitas repetições para manter a informação na memória, e também para dar tempo da pessoa praticar. É preciso considerar o estilo de aprendizagem de cada um observando suas preferências e fortalezas e trabalhar em cima das habilidades que a pessoa tem.


NECESSIDADES ESPECÍFICAS DAS PESSOAS COM SURDOCEGUEIRA E COM
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA
O corpo é a realidade mais imediata do ser humano. A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo. Portanto, favorecer o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com deficiência múltipla é de extrema importância.
Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresentam graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação.
Referencia Bibliográfica

·         Bosco, Ismênia Carolina Mota Gomes. A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina Mota Gomes Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues Maia. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] :
Universidade Federal do Ceará, 2010.
v. 5. (Coleção A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar)
·         Giacomini, Lília. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : orientação e mobilidade, adequação postural e acessibilidade espacial / Lilia Giacomini, Mara Lúcia Sartoretto, Rita de Cássia Reckziegel Bersch. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 7. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar)
  • IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.

Um comentário:

  1. Boa tarde Gecy!!!
    Venho agradecer sua visita em meu blog, e sempre que precisar pode contar comigo.
    Tenha uma semana feliz e abençoada!!!
    Bjokas...da Bia!!!

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